segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Homicídios decorrentes de assaltos em bancos aumentaram 113% em 2011, mostra levantamento

São Paulo – Levantamento nacional mostra que 49 pessoas foram assassinadas em 2011 em decorrência de assaltos em agências bancárias. O número é 113,04% maior que o registrado no ano anterior (23 mortes). Os dados são da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), elaborados a partir de notícias publicadas na imprensa.

São Paulo, com 16 assassinatos, Rio de Janeiro com nove, Goiás (quatro), Paraná (quatro) e Rio Grande do Sul (quatro) foram os estados com o maior número de casos. Das 49 mortes, 32 ocorreram em consequência do golpe chamado de saidinha de banco. Predominantemente, as vítimas foram clientes (30), vigilantes (oito) e policiais (seis).
“Os bandidos percebem a fragilidade da segurança nas agências porque hoje não existe privacidade para as pessoas fazerem suas operações bancárias”, disse o coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr. “Os bancos não têm divisórias nos caixas eletrônicos, não têm biombos na boca do caixa, e a bandidagem pode observar quem está saindo com dinheiro. O golpe da saidinha começa dentro do banco”, completou.
Segundo as entidades que fizeram o levantamento, as mortes refletem a carência de investimentos das instituições financeiras para prevenir assaltos e sequestros. A pesquisa destaca que dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que os cinco maiores bancos do país apresentaram lucros de R$ 37,9 bilhões de janeiro a setembro de 2011. "Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$ 1,9 bilhão, apenas 5,2% na comparação com os lucros", aponta o levantamento. Em 2010, os cinco maiores bancos investiram mais que em 2011 em segurança: 5,45% dos lucros.
“Pedimos a colocação da porta de segurança, a porta giratória em todas as agências e postos de serviço, a colocação de biombos na frente dos caixas e divisórias nos caixas eletrônicos. Onde isso foi feito, como em João Pessoa, o golpe da saidinha diminuiu 90%”, declarou Wiederkehr. A Contraf e a CNTV sugerem ainda a isenção das taxas de transferência, visando a diminuir o dinheiro circulante e, consequentemente, os assaltos.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os investimentos em segurança cresceram de R$ 3 bilhões no início dos anos 2000, para R$ 9,4 bilhões nos últimos anos. De acordo com a entidade, com o investimento, o número de assaltos diminuiu.
A Febraban destaca que o aumento no número de mortes ocorreu porque os dados da pesquisa incluem, na maior parte, a ocorrências fora das agências bancárias, em assaltos nas ruas, “onde os bancos não podem interferir por ser tratar de alçada das autoridades encarregadas da segurança pública”.
A entidade ainda destaca que as tarifas de transferência adotadas no Brasil estão entre as menores do mundo. “Pesquisa da consultoria internacional Accenture atesta que, entre 14 países, a tarifa de transferência no Brasil (R$ 7,50) ocupa o nono lugar. Na Argentina, a primeira colocada, a tarifa é R$ 61,01”.


Fonte: Agência Brasil

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